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Isolamento social: adequando nossa proposta

Em fins de 2019, acompanhávamos à distância notícias sobre um perigoso vírus que assustava os chineses. O alto grau de contágio e o alarmante índice de mortalidade dos infectados pelo contemporâneo coronavírus (SARS-CoV-2) trazia medo e incertezas para o restante da população mundial.

Logo, encontraríamos relatos sobre o surgimento de novos casos em várias outras regiões, inclusive no Brasil (em 26 de fevereiro de 2020, foi confirmada a primeira ocorrência de coronavírus em São Paulo). A princípio, o Irã e a Itália chamaram a atenção pelo crescimento rápido de contaminados e de mortes.

Não demorou muito para que a doença que se espalhasse por várias partes do mundo de maneira simultânea e sistemática, o que fez com que a OMS (Organização Mundial de Saúde) rapidamente classificasse o surto de COVID-19, nome dado à enfermidade provocada pelo vírus, como pandemia, exigindo medidas mais duras e agressivas por parte dos governantes no intuito de proteger a população mais vulnerável. Vivendo em um mundo globalizado e praticamente sem fronteiras, quais seriam as melhores estratégias a serem utilizadas para o enfrentamento desse mortal inimigo invisível?

Cada país procurou se organizar para que pudesse tentar conter a proliferação da moléstia: desenvolveu-se protocolos, fronteiras foram fechadas, houve a ampliação da capacidade de diagnóstico com a implementação de testes rápidos, monitoramento dos infectados, liberação de compras de equipamentos de proteção e insumos necessários ao enfrentamento do coronavírus, construção de hospitais de campanha, entre tantas outras medidas adotadas em caráter de urgência.

Contudo, as notícias continuavam mais assustadoras a cada dia. No Brasil, com o sistema de saúde cada vez mais sobrecarregado, as notícias de hospitais superlotados, com leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) totalmente ocupados, e até da falta de covas para o sepultamento dos mortos, se tornaram corriqueiras.

E assim, na cidade de Uberaba, no interior de Minas Gerais, 17.853 km de distância de Wuhan, na China, considerada o epicentro da pandemia, no dia 20 de março de 2020, foi instaurado o lockdown. Ao decretar situação de emergência, apenas os serviços essenciais continuaram em funcionamento, porém seguindo rigorosas regras de higiene, prevenção, distanciamento, uso de equipamentos, orientação, ventilação natural do ambiente, número reduzido de trabalhadores, entre outras regras a serem observadas. O necessário isolamento social fez com que parte do comércio, escolas, o Mercado Municipal, feiras, clubes, atividades culturais, de lazer, coletivas e similares, tivessem suas rotinas interrompidas.

Neste novo cenário, as instituições de ensino precisaram se reinventar para que pudessem continuar atendendo os seus educandos. Da noite para o dia, os docentes tiveram que trocar suas lousas e carteiras escolares por telas e aplicativos digitais.

Seguindo as orientações da sua SEE (Secretaria Estadual de Educação) e as especificidades de cada instituição, os profissionais da educação se organizaram para que pudessem dar continuidade no ano letivo durante a quarentena.

No caso do educandário palco de nosso estudo, por adotar o “Sistema Positivo de Ensino” há três anos, os alunos já tinham uma trilha de aprendizagem a ser realizado por meio do portal on-line Positivo On. Este ambiente virtual apresenta um conjunto de tecnologias e recursos que visam potencializar o aprendizado e o engajamento dos estudantes, através de revisões, testes, jogos, e outras ferramentas. A partir de sua participação, são gerados relatórios em tempo real com análises sobre o desempenho do aluno ao longo de sua trajetória escolar. Além disso, a plataforma permite comunicação entre gestores, professores e famílias, com mensagens individuais e coletivas.

Durante período de investigação sobre a viabilização de ações remotas, a privilegiada realidade socioeconômica dos discentes da instituição ficou ainda mais evidente ao se verificar que todos os alunos da turma selecionada para o estudo tinham acesso à internet, seja através de computador ou de aparelho celular.

Entre os dias 23 e 27 de março de 2020, ainda sem saber direito qual seria a duração do recesso das aulas presenciais, atividades foram programadas para que pudessem ser realizadas no ambiente virtual. Nesta primeira semana, mantínhamos a esperança de que tudo se resolveria logo.

Com o passar dos dias, fomos percebendo, no entanto, que, talvez, este período de quarentena fosse prorrogado. A partir do dia 30 de abril de 2020, com horários já organizados, iniciamos as orientações via Google Meet e WhatsApp. Conforme determinações da equipe pedagógica do colégio, no início de cada semana, disponibilizávamos um roteiro de estudos com as práticas a serem desenvolvidas durante aqueles dias e o agendamento dos encontros virtuais.

Na medida do possível, no tocante as aulas, os dias foram passando com certa tranquilidade. Ainda que houvesse certa resistência por parte dos alunos na realização das remotas atividades e por parte dos pais e responsáveis no acompanhamento da vida escolar de seus filhos, na maioria das vezes, eles se fizeram presentes e enviavam seus exercícios de acordo com a programação.

Apesar disso, os dias não foram fáceis. Além da excruciante rotina que impôs o desenvolvimento de novas habilidades, precisávamos lidar com um fantasma que se aproximava de nossas próprias famílias. Mesmo com todos os recursos tecnológicos disponíveis, o toque começou a fazer muita falta. Rodeados por máscaras e muito álcool em gel, a saúde mental começou a apresentar sinais de falência.

E foi dessa maneira que o presente plano de intervenção, mais do que uma simples pesquisa, transformou-se numa ferramenta capaz de nos fazer enxergar essa nova realidade como uma oportunidade para que pudéssemos desenvolver nosso projeto de letramento literário a partir desse novo viés, dialogando ainda melhor com as novas gerações, nativas digitais. Entendemos que o mundo digital, mais do que nunca, se tornou a principal e necessária ferramenta de interação social e, nesse sentido, os jogos, oferecendo uma alternativa de entretenimento para as famílias, poderia encurtar as distâncias pelo meio virtual.

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